Gerard J. Tortora e Bryan Derrickson | Princípios de Anatomia e Fisiologia
182 PRINCÍPIOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA Os ósteons no tecido ósseo compacto estão alinhados na mes- ma direção e são paralelos ao comprimento da diáfise. Como re- sultado, a diáfise de um osso longo resiste à flexão ou fratura, mesmo quando uma força considerável é aplicada de qualquer uma das extremidades. O tecido ósseo compacto tende a ser mais espesso naquelas partes de um osso onde as tensões são aplica- das em relativamente poucas direções. As linhas de tensão em um osso não são estáticas. Elas mudam conforme uma pessoa aprende a andar e em resposta a repetidas atividades físicas exte- nuantes, como o treinamento com pesos. As linhas de tensão em um osso também podem mudar por causa de fraturas ou defor- midade física. Portanto, a organização dos ósteons não é estáti- ca, mas é alterada com o tempo em resposta às demandas físicas impostas ao esqueleto. As áreas entre os ósteons vizinhos contêm lamelas ósseas de- nominadas lamelas ósseas intersticiais que também apresentam lacunas ósseas com osteócitos e canalículos ósseos. As lamelas ósseas intersticiais são fragmentos de osteócitos mais antigos que foram parcialmente destruídos durante a reconstrução ou cresci- mento ósseo. Os vasos sanguíneos e os nervos do periósteo penetram no osso compacto através de canais perfurantes transversais (de Volkmann). Os vasos e nervos dos canais perfurantes se conectam com os da cavidade medular, periósteo e canais osteônicos. Dispostas ao redor de toda a circunferência externa e interna da diáfise de um osso longo encontram-se as lamelas ósseas denomi- nadas lamelas ósseas circunferenciais . Elas se desenvolvem durante a formação óssea inicial. As la- melas ósseas circunferenciais diretamente profundas no periósteo são chamadas lamelas ósseas circunferenciais externas . Elas estão conectadas ao periósteo por fibras perfurantes (de Sharpey). As lamelas ósseas circunferenciais que revestem a cavidade medular são denominadas lamelas ósseas circunferenciais internas ( Figu- ra 6.3 A ). Tecido ósseo esponjoso (trabecular) Ao contrário do tecido ósseo compacto, o tecido ósseo espon- joso ( trabecular ) não contém ósteons ( Figura 6.3 B, C ). O tecido ósseo esponjoso está bem localizado no interior de um osso, pro- tegido por uma cobertura de osso compacto. Ele é constituído por lamelas ósseas que estão dispostas em um padrão irregular de colunas finas chamadas trabéculas ósseas (pequenos feixes; o singular é a trabécula óssea ). Entre as trabéculas ósseas existem espaços visíveis a olho nu. Esses espaços macroscópicos são re- vestidos pelo endósteo e preenchidos com medula óssea verme- lha nos ossos que produzem células sanguíneas e com medula óssea amarela (tecido adiposo) em outros ossos. Ambos os tipos de medula óssea contêm numerosos pequenos vasos sanguíneos que fornecem nutrientes aos osteócitos. Cada trabécula óssea é constituída por lamelas ósseas, osteócitos que se encontram nas lacunas ósseas e canalículos ósseos que irradiam para fora das lacunas ósseas. Correlação clínica Cintilografia óssea A cintilografia óssea é um procedimento diagnóstico que tira proveito do fato de que o osso é um tecido vivo. Uma pequena quantidade de um composto traçador radioativo que é prontamente absorvido pelo osso é injetada por via intravenosa. O grau de absorção do traçador está rela- cionado à quantidade do fluxo sanguíneo para o osso. Um aparelho de cintilografia óssea (câmera gama) mede a radiação emitida pelos ossos e a informação é traduzida em uma fotografia que pode ser lida como imagens de raios X em ummonitor. O tecido ósseo normal é identifica- do por uma cor cinza consistente por toda parte por causa da absorção uniforme do traçador radioativo. Áreas mais escuras ou mais claras po- dem indicar anormalidades ósseas. As regiões de alta dose ( hot spots ) são áreas de metabolismo aumentado que absorvemmais o traçador ra- dioativo devido ao aumento do fluxo sanguíneo. As regiões de alta dose podem indicar câncer ósseo, cicatrização anormal de fraturas ou cres- cimento ósseo anormal. As regiões de dose baixa ( cold spots ) são áreas de metabolismo reduzido que absorvemmenor quantidade do traçador radioativo devido à diminuição do fluxo sanguíneo e que podem indi- car problemas como doenças ósseas degenerativas, osso descalcificado, fraturas, infecções ósseas, doença de Paget e artrite reumatoide. Uma cintilografia óssea detecta anormalidades 3 a 6 meses antes dos proce- dimentos de radiografia padrão e expõe o paciente a menos radiação. A cintilografia óssea é o exame padrão para a triagem da densidade óssea, que é extremamente importante para a triagem da osteoporose nas mu- lheres (ver tópico Distúrbios comuns , no final deste capítulo). Derek Trask/Alamy Stock Photo Paciente posicionado em um equipamento de cintilografia óssea. Regiões de alta dose ( hot spot ) da cintilografia óssea em uma vértebra com células cancerosas. Baishideng Publishing Group Inc. Bone scan hot spot in a cancerous vertebra Região de alta dose Vértebra (coluna vertebral)
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